quarta-feira, 23 de março de 2011

Crítica do Amer: Gokujou Parodius


Eu honestamente odeio quando alguém se refere a um Shooter como “jogo de navinha”. Pelas barbas de Odin, santa ignorância, Batman!!!


Dito isso, devo confessar que embora goste muito do gênero, não sou o maior especialista em Shooters do mundo. Eu alugava muitos games do tipo na juventude, mas raramente terminava um, o que se deve ao fato do gênero quase sempre trazer uma dificuldade imperdoável.

Jogue Axelay. Vai entender porque eu chorava todas as noites durante a adolescência.

Eis que surge Parodius, série da Konami que satiriza games clássicos da empresa e que traz uma dificuldade bem mais amena à mesa... na maior parte do tempo. Gokujou Parodius foi o segundo título da franquia a ser lançado para o Super Nintendo e mostrava uma evolução absurda em relação a seu antecessor, Parodius Da!

“Interessante, pode me falar mais a respeito Alucard?”

Claro, me acompanhe.


Gokujou Parodius não é o tipo de jogo que traz um enredo elaborado, seus criadores simplesmente juntaram um monte de bobagens, lhe deram um personagem armado e disseram “ali, atire naquilo”. Tudo aqui é feito em nome do bom humor e isso já é mais do que o suficiente para fazer o título valer à pena.


O número de personagens disponíveis quase triplicou. No Parodius anterior, tínhamos quatro naves a escolha, enquanto aqui temos onze... ONZE!!! E o elenco ficou ainda mais mirabolante, com criaturas como Hikaru, a coelhinha da Playboy que cavalga um míssil, Michael o porco Cristão que vem com auréola, asas de anjo e um curativo na virilha (hã?) e Koitsu, um boneco de pauzinhos que voa com um avião de papel e usa uma camisinha como escudo.

Pois é.

E jogadores obcecados com a história dos vídeo games tem um elemento extra de diversão aqui, que é reconhecer de onde veio cada personagem: Vic Viper é a nave da série Gradius, Pentarou é o pingüim heróico do clássico Antartic Adventure, Twinbee é o protagonista da série homônima, Goemon vem também de uma série homônima (que é conhecida no Ocidente como Legend of the Mystical Ninja), Kid Dracula vem de Boku Dracula-Kun... game sobre o qual planejo escrever há eras e Upa é o super bebê de Bio Miracle Bokutte Upa, game que eu aposto meu braço direito, nenhum de vocês conhece.

Aliás, Pentarou era o mascote da Konami, em uma época em que Solid Snake e Pyramid Head não existiam e a empresa ainda não era totalmente associada a espionagem e violência descabida.

Saudade...


Sendo que este não é um Shooter convencional, não enfrentamos inimigos convencionais. Os diversos obstáculos ao longo do jogo incluem não unicamente: polvos, abelhas, a Águia Americana, pingüins produtores de televisão, submarinos com cara de gato, coristas gigantes, morangos e kiwis enormes, e Moais.


A Konami tinha uma obsessão inexplicável com Moais antigamente.

Todos os personagens são bem desenhados e comicamente expressivos, os cenários são coloridos e inusitados (como a pista de corrida no meio de um bairro Japonês) e o jogo mantém um framerate bom e constante. Nos momentos em que a tela estiver mais infestada de inimigos a velocidade cai e os sprites falham, mas este problema consegue ser evitado na maior parte do tempo.

Os chefes chamam muita atenção, pois costumam ser IMENSOS e ocupam ao menos 1/3 da tela. Todos são bastante bem desenhados também, sem nenhuma pixelização óbvia, o que é bom se levarmos em consideração que na maioria das vezes estamos baleando garotas bonitas.

Talvez isso explique porque a série Parodius permaneceu exilada no Japão... atirar no rosto de mulheres não é exatamente um passatempo bem aceito no Ocidente.

A trilha sonora da série sempre foi um dos seus pontos de maior destaque e não havia razão para que desta vez fosse feito diferente. O game usa remixes de diversos temas clássicos de jogos da Konami, que vão desde Gradius a Castlevania. Mas os produtores de Gokujou Parodius não se prenderam apenas ao que já tinham em mãos e foram atrás de diversas outras músicas, algumas de domínio público, outras nem tanto, para compor o áudio de sua obra.

Dentre algumas das canções mais notáveis, pode-se destacar Stars and Stripes Forever (marchinha lendária de John Phillip Sousa), A Cavalgada das Valquírias (de Richard Wagner), Mambo Nº5 (de Peréz Prado) e até mesmo a 25º Sinfonia de Amadeus Wolfgang Mozart.

Isso mesmo, é a trilha sonora COM A FORÇA DE UM TOURO!!!

Um problema presente em diversos Shooters, é que a trilha sonora as vezes fica apagada, devido aos efeitos sonoros caóticos que acompanham a ação na tela. Isso não acontece aqui e podemos aproveitar as músicas em toda sua glória.

Há algo de poético em fritar a cara de um panda bailarino com lasers, enquanto um trecho de Carmen toca ao fundo.


Gokujou Parodius usa a jogabilidade clássica da série Gradius, o que é extremamente adequado, considerando que é uma sátira a mesma.


A progressão é lateral, a tela se move da esquerda para a direita e sua nave/personagem acompanha o movimento. Sua única missão é evitar os ataques inimigos e mandar chumbo grosso em tudo que puder.

É possível aumentar suas habilidades coletando “Orbs” que são deixadas por inimigos específicos ao serem derrotados. Após apanhá-las, um de vários itens em uma lista na base da tela é iluminado e o jogador pode ativá-lo para usufruir de seus benefícios. Tipos variados de tiro, aumento de poder de fogo, escudos e velocidade extra estão a disposição e você pode acioná-los na ordem que preferir, se achar que poder de fogo máximo deve ser a sua prioridade inicial, é só mandar ver, a escolha é sua.

Já que toquei no assunto, os personagens não são exatamente equilibrados, alguns se tornam monstros invencíveis quando tem seu poder de fogo maximizado, com disparos bastante fortes indo em várias direções e praticamente varrendo os inimigos (Koitsu e Dracula Jr. São especialmente culpados neste quesito). Outros tem escudos demasiadamente resistentes (Koitsu de novo) enquanto alguns sequer tem um escudo (como Upa).

A força extrema (argh, malditos Centurions) destes personagens pode quebrar um pouco o desafio do game, mas fica a critério do jogador quem ele prefere usar.

Outro tipo de Power Up do jogo são os sinos (herança da série Twinbee), que vem em diversas cores e fornecem os mais variados poderes. Alguns o deixam gigante e indestrutível por tempo limitado, outros o permitem criar uma fulminante barreira a laser e alguns lhe dão UM DETONADOR NUCLEAR que pode ser usado uma vez apenas, para limpar a tela de inimigos, ou dar um belo tapa na cara dos chefes.

Analogia inadequada, considerando quantos chefes são garotas. Peço desculpas às minhas leitoras.

Embora Gokujou Parodius não chegue ao mesmo nível de dificuldade de Gradius, R-Type ou Summer Carnival ’92: Recca, ele também não é mel na chupeta. Há enxurradas de inimigos presentes na maior parte do tempo, é preciso atenção constante para perceber os pontos seguros na tela e reflexos para mover sua nave até ela de forma eficiente.

Em diversos pontos haverão obstáculos enormes também, que dão apenas um mínimo necessário de espaço para o jogador passar, isso, somado ao fato de que os inimigos não param de surgir durante estes momentos é mais que o suficiente para causar um ataque histérico em algumas pessoas.

Finalmente, os chefes imensos não existem apenas para mostrar o quanto o Super Nintendo é poderoso e pode processar sprites de animação gigantes (se bem que...). Eles também limitam muito o seu campo de ação e um deslize é mais que o suficiente para lhe custar uma vida.

A dificuldade também está diretamente atrelada a quando o jogador evoluiu sua nave. Com bom poder de fogo, boa velocidade e um escudo, é possível sobreviver a quase tudo que o game joga contra você... mas perca uma vida (e conseqüentemente, todos os Power Ups) em uma fase mais avançada e você estará lascado.

MUITO lascado.

Gokujou Parodius lhe dá inúmeras chances de se recuperar quando isso acontece. É um pouco difícil, mas com alguma habilidade, dá pra sair do vermelho antes de chegar ao chefe da fase.


Gokujou Parodius é genial. A mistura perfeita de uma jogabilidade clássica entre os Shooters com o humor pirado dos quais só os Japoneses são capazes e que é tão raro no meio dos games.


Sim, raro. A única coisa de que me lembro que não é Parodius e também segue esse estilo é Gun Nac.
Para os fãs de um bom tiroteio espacial e que não se incomodam com um pouco de comédia non-sense, Gokujou Parodius é um título obrigatório. Vá lá jogar e depois me agradeça.

E se encontrar mais alguém que se refira a Shooters como “jogos de navinha”, me faça um favor e coloque uma banana de dinamite acesa nas calças do sacripanta e o jogue de um prédio em seguida. O mundo não sentira sua falta, eu garanto.

Nota do Amer: 8.5

Cheers!!!

7 comentários:

Scariel disse...

Tô indo agora jogar e volto pra comentar depois.

Kaique Lucas disse...

Second!Belo post,Amer.

Scariel disse...

Que jogo divertido! Atirar num panda dançando balé não tem preço!

Blog do Sybão! disse...

É um jogo muito divertido!

Mas isso faz muito tempo. E Sexy Parodius, hum....

Avalanche(Lance) disse...

Gostava mais dos Shooters quando dava pra explodir o cenário e deixar os tanques no chão em fumegantes pilhas de destroços

Zé Abrão disse...

Amer você ainda tem formspring? Como eu já disse antes, mas não sei se você lembra, eu sou estudante de jornalismo e gostaria de te fazer umas perguntas. A pauta é pra quinta-feira. Por favor, me passe o link, ou senão um e-mail ou alguma outra forma que eu possa te mandar as perguntas.

Isso é, se você topar, claro!

Zé Abrão disse...

ah, a pauta é sobre o mercado de games.